Thalía revisita passado amoroso em álbum

Thalia, que conquistou o mundo ao protagonizar novelas como Maria do Bairro, Maria Mercedes e Marimar, costumava se inspirar em personagens criadas em sua cabeça para escrever suas canções. No entanto, as reflexões que este tempo de pandemia e isolamento social trouxeram para a vida da maioria das pessoas inspiraram a mexicana a revisitar amores do passado e relembrar a importância do encontro de seu amor próprio para escrever as canções que estão no novo álbum DesAMORfosis.

“Este é o disco mais pessoal que eu tive na minha vida. Na verdade, com tudo o que todos nós temos vivido com esta pandemia, temos feito uma autoavaliação e deixado para trás coisas que eram obsoletas para nós. Queremos viver uma vida muito mais presente e cheia de amor com as pessoas que amamos. Acredito que esta pandemia nos empurrou para buscar o melhor de nós mesmos. Ao compor e produzir este disco queria liberar essas experiências, deixá-las ir, agradecê-las e dizer: ‘Vão. Vocês estão livres agora! Obrigada”, explica.

No álbum de 14 canções, uma linha do tempo do amor é traçada. As primeiras músicas, como Mojito e Mal y Bien, Thalia canta sobre a paixão em um primeiro momento. Depois, ela passa pela desilusão amorosa com Cancelado e finaliza com Barrio, em que relembra o que sua mãe lhe falava e de como ela se tornou a mulher forte de hoje.

Barrio é a minha favorita do disco. Acho que o trajeto deste disco, de 14 canções, primeiro começa com o momento em que se conhecem, quando se olham, sobre isso da pele, quando tudo é sensual e você está cego de amor. Logo depois, cai a venda e você vê que essa pessoa não é para você, daí rompem o seu coração, você vai para uma festa, mas começa a chorar ‘estou mal’ e a beber… E assim é o amor para você até que você entende que o amor começa por você. Você tem que amar a si mesma, o amor próprio deve estar em primeiro lugar. E para mim, terminar o disco com Barrio é precisamente isso. Eu saí disto, segui adiante e eu me amo”, avalia.

Casada com Tommy Mottola desde dezembro de 2000 e mãe de dois filhos, Sabrina e Matthew, a cantora diz que apesar de ter sofrido algumas desilusões amorosas, se sente sortuda nas questões do coração.

“Me considero muito sortuda no amor. Fui muito amada e me quiseram muito. Sempre fui uma mulher muito apaixonada, muito entregue. E tenho a sorte hoje em dia de estar com o homem que eu amo, de ter a minha família, meus filhos, de seguir trabalhando e fazendo o que gosto, que é entreter.”

Mas antes de encontrar o grande amor de sua vida, Thalia reforça que fez anos de terapia. A busca por uma autoestima melhor foi essencial para que ela pudesse lidar com seu crescimento diante dos holofotes e com os julgamentos alheios.

“Foram muitos anos de terapia! Eu acredito que é muito importante quando você fala com um profissional, que te ajuda a encontrar o caminho por meio das emoções e através dos pensamentos. Foram muitos anos de questionamentos, de levantar a minha autoestima, de buscar ferramentas que me fizessem sentir melhor a cada dia. Hoje me sinto feliz em minha pele, me amo como eu sou, vivo as coisas que gosto, digo ‘não’ com muita vontade e muita alegria… Isso é lindo, quando você tem o amor próprio e se sente no controle das suas emoções”, analisa.

Aos 49 anos, Thalia tem como prioridade sua família. Ela afirma que hoje valoriza mais o tempo próximo aos que ama. “Perdi Natais, aniversários, festas especiais e celebrações quando eu estava viajando e trabalhando muito. Hoje, eu valorizo mais estar com a minha família. Meus filhos, meu marido e a minha família são as minhas prioridades.”

Este álbum foi feito na pandemia. Como foi fazer o primeiro – e espero que único álbum – em uma pandemia? E seus próximos projetos? Vai ter turnê?

Acho que ninguém está realmente pensando agora em uma turnê porque seguimos lidando com isso. A pandemia não terminou, segue aí. Mas foi muito interessante trabalhar todas as canções por meio do Zoom, gravar sozinha com o meu engenheiro de som. O engenheiro, que sempre trabalhou comigo, me deu um curso intensivo de como eu poderia gravar sozinha em um estúdio, preparando as sessões, os protools, enviar, gravar, editar e isso para mim me permitiu estar sozinha: Thalia e o microfone! Isso dá uma magia especial a canção e a cada interpretação a cada canção.

As canções têm ritmos tão diferentes. O que te inspirou a encontrar esses ritmos diversos?

Sempre gostei de fazer diferentes universos musicais. Gosto muito de colaborar em diferentes gêneros. Em todos os meus discos, sou uma artista Pop ou Pop latina. Isso você sente na minha voz, quando componho a estrutura da minha música, este é o meu estilo. Mas sempre gostei de investigar diferentes gêneros como bachata, urbano, salsa, hip hop, R&B. Tudo me encanta e sou curiosa. Isso me mantém criativa. O que eu queria neste disco era a combinação dos sons que estão nos movendo hoje, que nos fazem danças, mas com uma guitarra de verdade, com um bongô de verdade. Ou seja, que tivesse instrumentos vivos misturados com o urbano e Pop. Isso é o que dá este frescor e algo diferente.

Gostei muito do álbum e do título. Como você chegou a esta palavra DesAMORfosis e o que ela significa para você?

É uma palavra composta que envolve um universo do disco. Fala sobre o amor, o desamor, a morfose, a mudança, o começar de novo, o abrir mãos das coisas antigas e mudar de pele… Então, DesAMORfosis é o título desta viagem que faço com de 14 canções, do princípio ao fim, contando a minha experiência na jornada de amor.

E a tua vida amorosa foi um pouco sofrida como a de seus personagens?

Sim e não. Me considero muito sortuda no amor. Fui muito amada e me quiseram muito. Sempre fui uma mulher muito apaixonada, muito entregue. E tenho a sorte hoje em dia de estar com o homem que eu amo, de ter a minha família, meus filhos, de seguir trabalhando e fazer o que eu gosto, que é entreter. Além disso, sou produtiva e saudável!

Tenho aqui uma pergunta de dois fãs, Kawany e Raphael Malaquias: ‘Você fala de seu passado com muita nostalgia, o que a carreira te deu de mais valioso e o que teve que renunciar por ela’?

O mais valioso é definitivamente poder ter viajado por todos os países levando a minha música e alegria. Eu acho que acima do que faço, que é cantar, atuar e cuidar dos meus negócios e empresas, eu entretenho ao meu público. Gostar de arrancar um sorriso do povo, fazer com que as pessoas se sintam bem, se esqueçam dos problemas… É disso que gosto. Então, o mais bonito que esta carreira me deu foi a oportunidade de viajar e conhecer diferentes culturas e pessoas, que me dão tanto amor. O que talvez tenha sido sacrificado é ter perdido Natais, aniversários, festas especiais e celebrações quando eu estava viajando e trabalhando muito. Hoje, eu valorizo mais estar com a minha família. Meus filhos, meu marido e a minha família são as minhas prioridades. Apesar de ter outra família, que são os meus fãs, que eu adoro e amo, e que também todo tempo fomento. Amo esse amor que eles me dão e que também os dou.

Acompanho os seus outros projetos como empresária, seu site sobre cuidados de saúde… No futuro, você pensa em deixar de cantar, como deixou de atuar?

Não! Eu não deixei de atuar, estou em uma pausa porque gosto muito de atuar, me fascina. Quero voltar quando tiver um projeto diferente de tudo que já fiz e vou surpreender as pessoas em algum momento quando menos esperarem. Uau! E vou estar aí atuando! Amo cantar e sempre vou cantar até, se Deus me permitir, o último momento de vida. Adoro cantar! Sigo fazendo milhões de coisas e milhões de projetos, tenho minhas empresas, tenho aqui nos Estados Unidos coleções de roupas, joias e sapatos nas lojas. Estou muito metida no mundo empresarial e gosto de ser criativa.